Confira tendências de carreira e desenvolvimento.
O Telecine já oferecia um modelo híbrido de capacitação para seus funcionários — e os treinamentos on-line respondiam por cerca de 50% de tudo o que era ofertado às equipes. Com a pandemia, a capacitação ficou 100% online. São três frentes: “Milhas do Conhecimento”, em que os funcionários compartilham conhecimentos técnicos e específicos para seus colegas, “Cinetalks”, que promove webinars e palestras de experientes profissionais do mercado, e “Academia Telecine”, iniciativa de “lifelong learning” da companhia. “Com o histórico de desenvolvimento das habilidades e a mentalidade de media tech implementado há pelo menos dois anos, a migração para o on-line foi natural”, afirma Bernardo Bicalho Fernandes, gerente de pessoas e cultura do Telecine. “Para que possamos fazer a manutenção dos treinamentos e acompanhar o sentimento dos colaboradores a esse novo modelo, enviamos constantemente pesquisas sobre adaptação e satisfação das ações.”
No Demarest Advogados, a adaptação foi ainda mais intensa. A empresa oferecia alguns poucos programas on-line, não mais do que 10% do total. Com o isolamento, 100% dos treinamentos passaram a ser remotos, e assim vão permanecer até o fim do ano, pelo menos. “Investimos sobretudo nos programas que desenvolvem temas e habilidades inteipessoais, de forma que pudéssemos auxiliar as nossas pessoas a se adaptarem à nova dinâmica de trabalho”, diz Carlos Antonaglia, diretor de recursos humanos do Demarest.
O escritório disponibilizou programas específicos para condução de reuniões a distância, liderança, gerenciamento, meditação e saúde mental. Para os funcionários das áreas administrativas que tiveram seus contratos de trabalho suspensos, a empresa providenciou cursos de capacitação e desenvolvimento profissional.
Ainda que a migração tenha ocorrido para o digital com certa facilidade, o Demarest pretende voltar com alguns treinamentos presenciais. “Temos convicção de que alguns módulos voltarão a ser realizados de forma presencial”, diz Antonaglia. “A base conceituai de um treinamento de negociação, por exemplo, pode ser ministrada por vídeo, mas nada substitui as dinâmicas presenciais e em grupo em termos de resultados práticos.”
A FICO, uma empresa de software, dividiu seus investimentos em capacitação em duas áreas: soluções da empresa e RF1. A primeira focou nas tendências do mercado latino-americano e na adaptação ao novo cenário, enquanto a segunda abordou as “soft skills”, como resiliência. Boa parte das capacitações já acontecia on-line, e o restante foi adaptado para o ensino a distância. “Nosso maior desafio foi continuar oferecendo conteúdos atrativos para manter o foco e interesse das pessoas, uma vez que o volume de trabalho on-line passou a ser de 100%”, diz Kayla Vallim, diretora sênior de operações da FICO.
A Bradesco Seguros seguiu a mesma linha, com temas técnicos e “soft skills”. “Algumas ações foram adaptadas para o período de pandemia e outras foram desenhadas especialmente para gerenciar as emoções nesse novo modelo de trabalho”, diz Valdirene Soares, diretora de recursos humanos da empresa. Entre as novas abordagens, gestão emocional e reinvenção pessoal.
A Basf direcionou a capacitação para temas como gestão de equipes virtuais, inteligência emocional e criatividade em tempos de mudança. As novas temáticas se uniram a outras que já existiam e continuam relevantes, como negociação e comunicação de impacto. Uma das principais mudanças é que os treinamentos comportamentais próprios não eram realizados no formato on-line. Hoje, são 100% nesse formato.
“Tivemos muitos aprendizados positivos, e podemos destacar a possibilidade de alcance, aproximando aqueles colaboradores que tinham menos acesso aos nossos treinamentos por trabalharem remotamente, distantes das fábricas e matriz, onde ocorriam os treinamentos presenciais”, comenta Bruno Ferrante, gerente de desenvolvimento de talentos da Basf para a América do Sul. (AF)
Valdirene Soares Secato é Diretora de Recursos Humanos do Grupo Bradesco Seguros. Possui 32 anos de experiência em gestão estratégica no segmento bancário brasileiro e tem formação em Administração de Empresas e especialização em Desenvolvimento Gerencial pelo IESE Business School.