A tecnologia impacta a construção da carreira?
Carreira é um tema especialmente importante, seja pelo seu significado, a jornada de um indivíduo através da aprendizagem, do trabalho e de outros aspectos da vida, seja pela ideia de um caminho estruturado e organizado no tempo e lugar que pode ser seguido por alguma pessoa. Não criei esses termos, eles já existem. Falar sobre o tema carreira nos dias atuais é um grande desafio, pois dentro do Bradesco, por exemplo, trabalhamos com inúmeras gerações: Baby Boomers 1940-1960 (56+ anos), Geração “X” 1961-1997 (56 a 36 anos, a qual me incluo), Geração “Y” chamados Millennials 1981-1997 (35 a 19 anos) e Geração “Z” 1998-2009 (18 a 07 anos). Independentemente do ano que você nasceu, cada indivíduo aqui é único, ou seja, carrega consigo seus objetivos, sonhos, metas e ambições pessoais, mesmo fazendo parte de um time, de uma equipe, onde existe uma bandeira maior coletiva.
Você deve estar se questionando, mas isso tudo eu já sei, qual a novidade nisso? A novidade é que tudo no mundo acelerou de uma forma disruptiva, onde todos nós temos a necessidade de adaptação muito mais rápida, e a imprescindível mudança pessoal. Principalmente este ano de 2020, marcado pela pandemia da covid-19, que levou a população mundial ao confinamento, distanciamento, cuidados com a saúde, uso de máscaras etc., que não só mudaram a forma de vida das populações, também alteraram as relações de trabalho, as formas de se trabalhar e, por consequência, as carreiras.
Algumas carreiras deverão ser repensadas pelos próprios profissionais nela inseridas e reorientadas pelas empresas, em razão da tecnologia e suas inúmeras funções e possibilidades. Estamos agora experimentando algo que talvez daqui 5 anos fosse uma completa realidade, o trabalho em home office. Já está aí, o mundo girou mais rápido e adiantou este salto para hoje. Então a capacidade de adaptação nas carreiras deverá ser muito maior ou a pessoa estará fora de mercado. E como trabalhar em casa, de que forma? Pois é, mais novidade chegando, bem-vindo ao universo de novas carreiras, que seguirão sendo reinventadas.
Tem mais, agora estamos diante de algo maior, aquilo que conecta a todos nós neste momento, e que está sendo chamado de “Geração CX”, que significa “O Movimento Customer Experience” (tradução livre: Experiência do Cliente). Como já dizia o pai da Administração Moderna, Peter Drucker, “o propósito de uma empresa é criar e manter os seus clientes”. Humildemente quero agregar esta frase: clientes externos e internos, seu quadro funcional. E são eles que irão criar uma transformação no mercado e nas carreiras. E o que isso significa? Estatisticamente, quando um cliente tem uma experiência ruim, 39% diminuem as compras em uma organização, enquanto 17% simplesmente param de comprar numa empresa. Estamos falando de 56% desta população com este tipo de experiência, sem contar que eles multiplicam isso em seus relacionamentos e/ou nas redes sociais. Por isso, as “novas carreiras” terão de ser centradas no cliente.
Porém, hoje e sempre, tudo numa carreira passará pela autoliderança, ou seja, trabalho consistente, produtivo e resultados concretos, boas relações externas e internas, visão periférica e ampliada, e plena consciência de como gerir a minha carreira, da qual sou o único responsável por administrá-la, bem como do que se está produzindo do novo processo laboral.
Sucesso!
Paulo Bresolin atua como Gerente Regional no Bradesco há 36 anos. Possui MBA pela FGV em Gestão de Negócios em Comércio e Vendas e é pós-graduado pela SPG em Administração Geral. Trabalha liderando pessoas há 23 anos.